O corpo de intervenção da Polícia de Segurança Pública esteve no local e forçou os manifestantes a dispersarem, em ambiente de grande tensão, exibindo os bastões.
Foto: Rui Minderico
O candidato presidencial do Chega foi hoje apedrejado a saída de um comício no Cinema Charlot em Setúbal por algumas dezenas de manifestantes, na sua maioria cidadãos de etnia cigana.
O corpo de intervenção da Polícia de Segurança Pública esteve no local e forçou os manifestantes a dispersarem, em ambiente de grande tensão, exibindo os bastões.
Apesar de não haver informação de ferimentos graves, um repórter de imagem da TVI foi atingido num joelho. A PSP também deteve um dos indivíduos que protestaram contra a presença do presidente do partido da extrema-direita parlamentar e deputado da Assembleia da República, que tem tido um discurso radical contra minorias em geral, visando em particular a etnia cigana.
“A PSP, até ao fim, tentou, com muito bom senso e ponderação, evitar que isto acontecesse. Quando começaram a chover pedras, não havia outra hipótese se não dispersar aquela gente toda. Foi o que fizemos”, disse à agência Lusa o comandante distrital da PSP de Setúbal, Viola Silva, assumindo o uso dos bastões sobre os manifestantes, que empunharam muitos cartazes da ex-eurodeputada do PS e concorrente presidencial, Ana Gomes.
O responsável pelos cerca de 40 elementos policiais no local, incluindo o corpo de intervenção da Unidade Especial de Polícia, afirmou que a PSP teve de usar a força para dispersar os manifestantes.
“Se me estão a atirar pedras, como deve calcular, não lhes vou pegar por um braço. A PSP, no âmbito das regras do Estado de direito, teve de usar a força considerada necessária”, justificou.
A reportagem da agência Lusa testemunhou no local em volta da viatura que transporta Ventura na campanha uma garrafa de plástico com água, várias caixas de pastilhas elásticas cheias, um isqueiro e uma pedra da calçada atiradas do lado da manifestação contra a comitiva do Chega.
“A entrada do candidato correu mais ou menos bem. Foram só arremessados alguns ovos – não sei se vocês repararam ou se já lá estavam dentro. Na saída, como prevíamos, foram arremessadas pedras e objetos metálicos cortantes, tudo objetos que, se acertassem em alguém, podiam matar”, descreveu Viola Silva.
A concentração de ativistas começara bem antes da chegada da caravana do líder populista ao Cinema Charlot. Como tem sido hábito nas iniciativas deste concorrente a chefe de Estado foram audíveis palavras de ordem e gritos de “fascista” e “racista”. Os manifestantes exibiram também vários cartazes contra o presidente da força política da extrema-direita parlamentar.
As eleições presidenciais realizam-se em plena epidemia de covid-19 em Portugal no domingo, sendo a 10.ª vez que os cidadãos portugueses escolhem o chefe de Estado em democracia. A campanha eleitoral começou no dia 10 de janeiro.
Há outros seis candidatos: o incumbente Marcelo (apoiado oficialmente por PSD e CDS-PP), a diplomata e ex-eurodeputada do PS Ana Gomes (PAN e Livre), o eurodeputado e dirigente comunista, João Ferreira (PCP e “Os Verdes”), a eurodeputada e dirigente do BE, Marisa Matias, o fundador da Iniciativa Liberal Tiago Mayan e o calceteiro e ex-autarca socialista Vitorino Silva (“Tino de Rans”, presidente do RIR – Reagir, Incluir, Reciclar).
fonte: Jornal de Negócios